A quarta temporada do Bellator segue a todo vapor. Neste sábado, no Mohegan Sun Arena em Uncasville, estado de Connecticut, o Bellator 39 chega com um grande card principal. A luta mais importante da noite será a defesa do cinturão dos leves pelo campeão Eddie Alvarez, que vai enfrentar Pat Curran, campeão do torneio da segunda temporada. Uma das semifinais do GP dos meio-médios será disputada entre o ex-campeão Lyman Good e o invicto Rick Hawn. Pela mesma fase os leves Patricky Pitbull e Toby Imada se enfrentam por uma vaga na final. O ex-UFC Ben Saunders faz sua estreia na nova casa contra Matt Lee.
- Eddie Alvarez (EUA) vs Pat Curran (EUA)
A categoria dos leves é a que mais conta com atletas de fora do UFC entre os melhores. Eddie Alvarez é um belo exemplo. Número 5 no MMAWeekly e Sherdog. Número 4 no USA Today/SB Nation. Significa que veremos uma luta fácil?
Curran é um garoto de 23 anos louco para mostrar que não é o primo de Jeff. Ganhou a chance de disputar o cinturão ao protagonizar grande zebra quando venceu o torneio da segunda temporada. Na ocasião ele passou pelo então favorito ex-UFC Roger Huerta e pelo vice-campeão anterior Toby Imada em duas lutas apertadas. Mas, para um garoto, sair de zebra para campeão é um fator psicológico importante. Contra Pat pesa a longa inatividade de quase um ano desde que venceu o torneio.
Na minha opinião Alvarez é um dos melhores pesos leves do mundo, que não deve absolutamente nada a Frank Edgar e Gray Maynard, que disputarão o cinturão do UFC. All-american nos tempos de ensino médio, veterano da primeira edição do DREAM, apesar de ainda ter 27 anos, Eddie é um lutador completo. O wrestling de alto nível é uma grande ferramenta para implementar seu jogo técnico de jiu-jitsu. Ele ainda tira da manga poderosos chutes baixos muito bem misturados a socos devastadores. Desde 2008 vem numa sequência impressionante de 10-1 com 7 vitórias seguidas, tendo atropelado os mesmos Huerta e Imada no Bellator, além de não ter tomado conhecimento de André Dida, Tatsuya Kawajiri e Joachim Hansen no DREAM. A diferença dada aos mesmos adversários no Bellator foi gritante.
Na teoria Alvarez é o favorito destacado e deve aplicar mais um atropelamento. Só não cravo este resultado de olhos fechados por um detalhe: dotado de talento natural que não tem medo de apanhar, Curran sabe que é a zebra, sabe que todos esperam por uma surra de Alvarez. Ou seja, é um garoto talentoso e destemido que não tem nada a perder, conjunção que o torna perigoso. Pat vai entrar para dar tudo de si e chamar atenção do mundo. Se perder com uma atuação heroica, fica com o nome registrado de uma vez. Se vencer, bate um top-5 e leva o cinturão. Típica win-win situation. Mas acredito que Eddie vá controlar seu oponente sem maiores problemas. De olhos abertos apostaria em um nocaute técnico do campeão.
- Lyman Good (EUA) vs Rick Hawn (EUA)
Interessantíssimo duelo de estilos que pode resultar num combate sensacional.
Good foi o primeiro detentor do cinturão dos meio-médios do Bellator ao vencer o torneio da temporada inicial. Perdeu o título na primeira defesa, quando não foi páreo para o wrestling de nível olímpico do atual campeão Ben Askren, vencedor da segunda temporada. Aliás esta foi sua única derrota em 12 lutas. Agora ele tenta refazer o caminho para a glória. Karateca de origem, venceu todas as lutas que disputou no extinto World Combat League de Chuck Norris. Veterano do Ring Of Combat, evento que fornece muitos talentos ao UFC, e da extinta IFL, com apenas 25 anos, Lyman sabe muito bem tirar vantagem de seu 1,83m e pernas longas.
Hawn é o extremo oposto do oponente. Trinta e quatro anos, ex-integrante da equipe olímpica de judô dos EUA, morou no CT Olímpico americano desde 1996 e disputou os Jogos de 2004. Invicto em 10 lutas no MMA, jamais ganhou uma luta por submissão, por incrível que pareça. Nocauteou 7 dos oponentes, mostrando que os treinos de muay thai na Sityodtong de Mark DellaGrotte surtiram algum efeito. Começou muito tarde no MMA, em 2009 e ainda não foi testado a contento.
Neste confronto de striker x grappler temos uma situação chata. Acho muito bonito o jogo de quedas de Rick e fico triste por não vê-lo aplicar mais vezes. Talvez pelo fato de não ter se adaptado tão bem como Yoshihiro Akiyama à falta de quimono, Hawn busca mais a trocação. Contra um cara mais experiente (apesar de quase 10 anos mais jovem) e melhor nesta área, será arriscado. Portanto o prognóstico nem é tão complicado: ou Hawn adota uma tática condizente com sua formação ou correrá grande risco de sair nocauteado.
- Patricky Freire (BRA) vs Toby Imada (EUA)
Lutinha intrincada esta semi-final do torneio dos leves.
Pitbull teve a estreia mais complicada no torneio. Enfrentou o ex-campeão do WEC e ex-UFC “Razor” McCullough. Mostrou maturidade, disposição e, mais do que tudo, mãos de aço. Aplicou uma pedrada em forma de cruzado de direita, num contragolpe perfeito que culminou no nocaute espetacular no terceiro round, deixando o oponente com os joelhos dobrados no chão. O resultado serviu para mostrar que, diferente do que a maioria pensava, Patricky está preparado para o torneio.
Vice-campeão nas duas primeiras temporadas, Imada passou por Josh Shockley na rodada anterior, finalizando-o no round inicial. Famoso pela espetacular finalização contra Jorge Masvidal na temporada inicial, Imada fixou seu nome como uma das estrelas da companhia, sendo o favorito para conquistar o torneio pela primeira vez.
Freire já mostrou que favoritismo não alimenta ninguém. O nocaute sensacional como azarão certamente servirá como apoio psicológico forte para novamente encarar desafio semelhante. Além disso não há motivo para o potiguar temer o jogo agarrado e de chão do americano, baseado na luta olímpica estilo livre e no judô, já que o atleta da Team Nogueira é faixa preta de jiu-jitsu. Acredito que Toby será orientado a evitar trocar em pé, então podemos esperar ataques em single ou double-legs do americano, buscando levar a luta para o solo. Nesta área tudo pode acontecer.
- Ben Saunders (EUA) vs Matt Lee (EUA)
Ex-participante do TUF 6, Ben Saunders foi cortado do maior evento do mundo com retrospecto de 4-3, com as derrotas vindas nas últimas 4 apresentações. É um trocador nato, que começou na arte do Jeet Kune Do de Bruce Lee ainda criança, migrando mais tarde para o Muay Thai. Este conjunto lhe rendeu por exemplo o memorável nocaute sobre Marcus Davis no UFC 106. O gigante meio-médio (1,91m) da American Top Team ainda possui faixa marrom de jiu-jitsu, arte que lhe rendeu algumas vitórias.
O americano descendente de orientais Lee é pouco conhecido entre o grande público. Já enfrentou Eddie Alvarez pelo BodogFIGHT e Jorge Masvidal no Strikeforce, sendo derrotado em ambas as oportunidades. Tem mais de 20 lutas profissionais, mas está a meses de completar 40 anos. Tem queixo duro, aguenta pancada, característica que será útil neste duelo.
Estreia pela nova organização, em luta casada fora de torneio, contra um oponente 9cm mais baixo e 13 anos mais velho. Belo panorama para o “Killa B” retomar sua trajetória.
Fonte: MMA-Brasil
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